quinta-feira, 12 de junho de 2014

Quase

(tela de Lora Zombie)


Quase

É preciso ouvir os seus sussurros
quando o silêncio nos aflige ao quase máximo
É preciso se descer do grande muro
para evidenciar nossos naufrágios.

Se segue o tempo e a sua cortina de fumaça
Na sua vida nada se entrega ou se estraga
Não podemos deixar o tempo nos dizer
o que temos que sentir, como temos que ser.

Não há tempo de ferir a madrugada;
precisamos enxugar as nossas mágoas
não há mais que o silêncio no meu quarto
se perdendo nos gemidos do teclado.

É difícil acompanhar o pensamento
se elevando por detrás dos cães sarnentos
se estamos todos sãos e quase salvos
só me diga onde está a flecha e o alvo.

Em você não há pinturas de guerra
há somente a minha e a tua boca aberta
pra livrar a gente do temor que corre
sobre os trilhos de quem ama e nunca morre.

Não há nada de tão lento no destino,
há somente o medo isento de princípios
A vontade de afastar os seus exércitos
e o outro lado entre o longe e o quase perto.


Isa Blue

domingo, 1 de junho de 2014

Nublado



É estranho.
Acordar nublado com o tempo.
E tão coerente todas as coisas de fora.
E tão incoerente todas as coisas de dentro.
É tudo assim, estranho.

Todas as vezes que senti o tempo nos últimos três anos.
Todas as vezes que me senti o último em três tempos.
Mas não me engano. Não, isso eu já parei de fazer.
Deixamos que o tempo acobertasse um sentimento
sem pedir licença ou consentimento.
E, se esquecemos por um momento a verdadeira cara do tempo,
é que não fomos cuidadosos o suficiente.

Deficientimos muito.
O tempo que rouba nossas ciências, nossas explicações
e nossas justificativas que nada significam para nós.

Bastamos olhar.
Que olhando nós procuramos enxergar e sabemos que estão lá
as mesmas respostas que nos procuram sem encontrar.

Isa Blue