terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

De Cabeça



Me atirei da janela do nonagésimo andar

não vi nada em minha frente

meus olhos estavam fechados pra todo o resto do mundo

Eu voei

por não sei quantos segundos

As pessoas apontavam das suas janelas escancaradas

o porteiro chamava a polícia, a ambulância, o corpo de bombeiros

eu não ouvi os gritos nem as sirenes

A multidão se amontoou para ver a minha queda

Eu me atirei da janela do nonagésimo andar

de cabeça

quando eu ia chegando ao chão

a multidão silenciou.




Agora eu estou aqui subindo essa escadaria porque, dessa vez, eu vou me atirar da janela do nonagésimo nono!





Isa Blue

Caótico



Eu não sei se foi a mulher com um beiço astrolábico sentada no banco ao lado.
Se foram as baratas tilintando seus sinos pervertidos no bueiro mal-cheiroso.
Se foi o beijo mal-intencionado e mal-calculado quando meus lábios se aproximaram e só encontraram a pontinha do seu nariz.
Se foi ter que procurar a chave alternando as mãos entre a bolsa e a bexiga, numa tentativa frustrada de não me mijar.
Se foi ter que ajeitar o colchão, colocar o protetor de colchão, o lençol de baixo, o lençol de cima, estender a colcha e só depois me estender em cima da colcha para escrever míseras duas linhas antes de dormir, trêbada.
Se foi a viagem no tempo, de estar do outro lado do mundo e passar pelo portal mágico (e sem tráfego) da madrugada em tempo récorde.
Se foram as cervejas, as vodcas, as caipirinhas, o absinto, mas eu desconfio que tenha sido aquela coxinha fria no boteco.
Ou se foram os dez anos que você esperou pra dizer que me ama justo quando eu enfio uma porra de uma aliança no dedo.
Mas alguma coisa não me fez bem essa noite...



Isa Blue.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Rodovia 786

poema inspirado em curta-metragem de Sérgio Gomes, "Enquanto a chuva cai", com Adriano Gilbert e Léo Pinho.




enquanto a chuva cai
a estrada é perigosa
a noite, silenciosa
fazem sono o som dos carros
fazem sinos o som dos pingos
tudo é convidativo
o balanço do automóvel
o suspiro dos que dormem
seja a curva sinuosa
ou as retas linhas tortas
enquanto a chuva cai
vai levando outra alma
derrapando a noite calma
na estrada perigosa
a vida vai cedendo
o sonho acaba cedo
sem saber que já é tarde
a morte é silenciosa
e tem saudade.



Isa Blue.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Leve


Gosto de conversar com você, secretamente, mesmo quando você não está aqui.

Minha miopia ajuda a te ver nos rostos de pessoas comuns.

Sua presença forte em meu corpo me faz sentir orgasmos nunca terminados.

O tesão gritante na sua expressão me invade nos momentos mais impróprios.

Nossos beijos silenciam as vozes do mundo.

Nossos mundos se encontram numa intersecção lúdica.

Suas mãos me incitam a te olhar profanamente.

Olhares que expandem o infinito do outro.

Um infinito que chega a desmoralizar as distâncias.

Acreditar que o horizonte pode ser bem mais longe.

Te amar é como estar preenchida de todos os encantos da natureza.

É ter a certeza de que o Universo traçou mesmo um plano infalível.

Que é nunca te deixar desacreditar do amor.



Isa Blue.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

2º LUARAU ELLLAS&OS MONSTROS [fotos]

FOTOS POR JULIO PEREIRA


Blue, Ricardo Maia e Marco Lyrio


Crica e Batata


Claudinha e Bayard


Morena Grijó e Daniel Rolim


Denizis Trindade


Cairo Trindade


Clauky Boom


Comidinhas e Bebidinhas em mesa providenciada pelo Batata


Varal de Poemas


Glad Azevedo e Lena Moraes


Mônica Montone dirigindo a batucada


Estimativa de poetas, músicos, amigos e admiradores presentes: 50 pessoas


Isa Blue, Sheyla de Castilho e Clauky Boom


galerointi


LUARAU ELLLAS&OS MONSTROS
toda sexta-feira
23h
praia do arpoador